sábado, 21 de abril de 2012

A escolta de preso pra BH


Anteriormente era muito comum a Polícia Militar realizar escoltas de presos para os diversos locais, seja para manicômios, presídios, consultas, até para casamentos (acredite... se quiser).

Pois bem, certa ocasião havia a escolta de um preso da cidade de Itajubá/MG para B.H. Como de costume, o Juiz da Comarca requisitou a escolta e já providenciou alguns assentos no ônibus da Empresa (EMSA - Empresa Nossa Senhora Aparecida).

Geralmente os lugares disponibilizados no ônibus para a escolta policial ficam à retaguarda (lá atrás... próximo ao banheiro do ônibus).

Os dois Policiais Militares incumbidos da escolta embarcaram, colocaram o preso algemado na sua respectiva poltrona e lá se foram.

Naquela época (final dos anos 80), a Rodovia Fernão Dias (BR-381) ainda não era duplicada, por isso, uma simples viagem do sul de minas até BH, durava uma eternidade.

Com o sacolejar do ônibus, naturalmente, os Policiais Militares acabaram cochilando e quando acordaram em uma parada existente próximo ao trevo de Oliveira/MG, perceberam que o preso escoltado havia fugido.

Foi aquele pânico geral entre os PM que realizavam a escolta. Como fariam? O preso fugiu!!!

Até que um dos componentes da escolta, um velho graduado teve uma idéia.

Essa parada de ônibus ficava próximo ao entrocamento para a cidade de Oliveira; assim, dirigiu-se até o viaduto ali existente e abordou um andarilho que estava dormindo todo maltrapilho.

Sem mais delongas, prendeu e algemou o andarilho e o colocou dentro do ônibus e deu sequencia a escolta até BH.

... Bom, pelo que se sabe ninguém reclamou de nada até os dias atuais... sequer o andarilho que passou a ter casa, alimentação, assistência a saúde e roupa lavada, mesmo que no presídio.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cabo “Marmita” e o defunto de Três Corações.

O ano era 1968. Conta o Cabo “Marmita” que trabalhava no Destacamento PM de Carmo da Cachoeira/MG (sul de minas) e um tio do Sargento Comandante do Destacamento naquela época, veio a falecer em Três Corações (localidade bem próxima).

Em solidariedade ao companheiro de farda, o Cabo “Marmita” viajou junto com o Sargento para prestarem a última homenagem aquele ente querido.

Ambos estavam fardados (afinal de contas, nessa ocasião, vivia-se fardado o tempo todo). Como era um momento especial, o Sargento usava túnica branca e o Cabo “Marmita” usava a farda de manga comprida, gravata e capacete.

Quando chegaram em Três Corações, resolveram dar uma passadinha na “zaga bala” (zona boêmia), afinal de contas ficava no caminho do cemitério. Segundo o Cabo “Marmita” tomaram uns goles, comeram uns pedaços de toucinho (inclusive descobriu uma grande utilidade para a gravata – limpar aquela gordura do canto da boca).

Em dado momento, alguém grita que o estabelecimento devia fechar as portas em respeito ao cortejo fúnebre que vinha lá na frente. Mais que depressa, eles tomam a última talagada, comem mais um pedaço de tira-gosto e ainda com os beiços engordurados, saem ao encontro do féretro.

O Sargento comovido com o último contato com seu tio, já abarcou uma alça do caixão. O Cabo “Marmita”, pegou no outro lado e lá se foram ladeira acima, suados, carregando o pesado caixão.

O Sargento (talvez já com efeito da cachaça) começou a chorar e bradar:
- Tadinho do tio!!! Porque todos os parentes vivos tão morrendo?! (E lágrimas rolavam)

O Cabo “Marmita”, demonstrando solidariedade também chorava alto.
- Como vou viver sem o tio do senhor, Sargento?!

Quando chegaram no cemitério, uma mulher aproximou e pediu para abrir a tampa do caixão porque queria despedir-se do defunto.

Ao abrirem o caixão, o Sargento descobriu que aquele não era o sepultamento de seu tio, mas que havia carregado o corpo de um turco falecido, que sequer conheciam.

Fonte: Cabo “Marmita” – Lavras/MG, 16/04/12

domingo, 15 de abril de 2012

Embaixador visita o 8º BPM

Conta-se que na década de 80, certa feita, numa quarta-feira, após o desfile matinal, aportou na sede do 8º BPM/Lavras, um senhor bem vestido que desembarcou de um VW/Fusca, portanto uma pasta debaixo do braço.

Um militar que trabalhava na Seção de Assuntos Civis (atual Seção de Comunicação Organizacional) fez a abordagem inicial ao visitante.
- Bom dia! O senhor é???
- Bom dia! Sou da embaixada...

De imediato o militar já o encaminhou para a sala do Comandante da Unidade e o anunciou:
- Com licença Sr. Cmt! Temos aí a visita de um embaixador.

De pronto, o Cmt recebeu com toda deferência aquele personalidade ilustre. Em seguida passou a contar os principais fatos do Batalhão; mostrou a galeria de Ex-Comandantes, etc.

Um dos Oficiais do Estado Maior observou toda movimentação e contou ao SubComandante sobre a visita de tão importante autoridade.

Assim, resolveram marcar chamada geral para todos os Oficiais do Batalhão, para que pudessem cumprimentar o embaixador visitante.

O Corneteiro deu o toque e os Oficiais foram se reunindo no “Rancho” (refeitório) para aguardarem a presença do embaixador.

O Comandante então convidou o embaixador para dirigirem-se ao refeitório dos oficiais (“Rancho”), onde seria servido o tradicional café das 09:00. Enquanto desciam, um outro Oficial perguntou ao embaixador, qual nacionalidade representava aqui no Brasil, ao que respondeu.
- Eu sou da embaixada de Santos Reis e vim aqui pedir policiamento para a festa no próximo final de semana!!!

Fonte: Cb Passos – Jornalista e Escritor – Diretor do Jornal A Gazeta/Lavras.

A primeira máquina de escrever na PMMG

Não se sabe ao certo quando foi adquirida a primeira máquina de escrever para a Corporação. Narra a tradição que foi ali pela época da mudança da Capital de Minas. Recebendo um catálogo de propaganda, o Comandante teria chamado o Tenente-Secretário e o incumbido da presidência de uma comissão para dar parecer e examinar o aparelho. O Secretário, que era moço inteligente, andava frequentando a casa de um amigo que possuía uma máquina, nela aprendendo a "catilografar" nas horas vagas. Em companhia dos outros dois oficiais, foi à cidade, examinou a máquina e apresentou depois o parecer assinado pelos três.

Quando a máquina chegou ao quartel, o Comandante reuniu os oficiais para a apresentação do novo invento, explicando que ele poderia tirar, de uma só vez, dezenas de cópias do "Detalhe". Essa explicação provocou um grande murmúrio no gabinete do comando!

- Este mundo está perdido! Dizia um. Pois já se viu tal coisa?!

- É mesmo o fim do mundo! – Comentava outro. Isto eu já li na Bíblia.

Ficando só no gabinete, o Comandante desejou escrever pessoalmente uma carta ao Presidente do Estado. Acontece que ele não pedira certas explicações ao Tenente-Secretário, pois a disciplina não permitia que um superior recebesse lições de subordinado ...

Introduzindo o papel no rolo da máquina, deu inicie à carta que pretendia escrever, conseguindo, a muito custo, escrever "Cidade de Minas" tudo com letra minúscula. Quando foi escrever a data, notou que o teclado faltava o número 1!

Nervoso, pensando primeiro na ignorância de seus auxiliares, esquecendo-se da própria, mandou que o corneteiro de ordens desse o toque de "oficiais". Como não fosse hábito de os oficiais se reunirem àquela hora, todos ficaram logo eufóricos achando que fosse alguma perturbação da ordem. Por certo a República estava correndo perigo!

Arrastando as grandes rosetas de suas esporas - rrat, rrat, rrat - entraram no gabinete e se colocaram em fila por ordem hierárquica. O Coronel estava suando, nervoso, puxando sem parar as pontas do bigode. Todos em forma, começou ele com o "sabão":

- Então, senhores, eu designei uma comissão de oficiais para examinar a máquina de escrever, um aparelho tão caro, e me foram comprar uma faltando pedaços!!

Os oficiais se espantaram com aquele preâmbulo, pois a máquina nunca fora usada e era perfeita. Então falaram pela voz do Secretário:

- Mas, seu Comandante, a máquina não possui nenhum defeito ...

- Como não? Ela falta um algarismo - e apontou o teclado - o número 1... Deve ser defeito de fabricação ...

Os oficiais que não faziam parte da comissão, olhavam de oitiva os companheiros e pensavam:
- "E agora? Gomo vão os colegas sair desta?"

O Tenente-secretário percebeu logo o engano do Comandante, mas se acanhou de apontá-Io assim na presença dos demais. Mas, achando logo uma saída, foi explicando diplomaticamente:

- O objetivo dos técnicos é fazer economia. A gente escreve o 1 com esta letra aqui - e bateu no papel, formando um algarismo - de modo que a tecla serve para duas coisas a um só tempo ...

O Comandante sentou-se novamente e experimentou escrever a data. Deu certo. Não querendo, porém, se desmoralizar, virou-se para a ordenança que esperava do lado de fora:

- Mande dar o toque de debandar oficiais!

A corneta gemeu ali mesmo da janela e cada oficial foi saindo por sua vez... a comentar:

- Este mundo está perdido mesmo! Daqui a uns anos, a polícia será outra ... Prá gente entrar nela, vai sê o diabo... Tem que sê até maquinista ...

Fonte: Silveira, Geraldo Tito. Crônica da Polícia Militar de Minas. 1966. P. 417,418.